Hoje, as manifestações culturais afro-brasileiras que resistem e perseveram na luta pela valorização da cultura no Brasil, sabem que a cultura popular e os monumentos materiais são patrimônios nacionais.
Defendemos o Mercado Público de Florianópolis e a Capoeira, que ali viceja, enquanto legado popular e público.
Os organismos brasileiros e mundiais,… como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e a Organização para as Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, salvaguardaram a roda de capoeira como patrimônio cultural imaterial.
Assim como a Capoeira, defendemos que o Mercado seja Público e Popular rompendo a lógica do lucro pelo lucro, oferecendo um espaço de cultura. Que se reafirme na cidade como o locus essencialmente público e se desfaça da dubiedade atual, ou seja, lugar público monopolizado por atividades privadas.
Transformando-se em um espaço permanente de manifestações culturais, sairá da estagnação que o tem descaracterizado, enquanto Patrimônio Histórico vivo e significativo, para os moradores de Florianópolis.
No ano de 1988, com a iniciativa do Contramestre Alemão do Grupo Palmares, foi criada a Roda de Capoeira do Mercado Público de Florianópolis, sempre realizada aos sábados. Já teve a presença de importantes mestres da Capoeira da Bahia, Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Estamos resistindo durante anos no Espaço Cultural Luiz Henrique Rosa, atualmente ocupado, quase que integralmente, por estabelecimentos comerciais. Sendo assim, nas manhãs de sábado, quando é armada a Roda de Capoeira no vão central do Mercado, a disputa está posta.
Cabe aos órgãos públicos responsáveis por esse patrimônio educar e elucidar os comerciantes que ocupar o mercado é muito mais que desenvolver atividades meramente comerciais.
Os Mercados são as portas de entrada das cidades. Espaço constantemente procurado pelos turistas na intenção de encontrar o que há de mais típico, natural e cultural.
Lutar pelo direito de estar no Mercado produzindo cultura com a Capoeira, é contribuir para a revitalização do Espaço Cultural Luiz Henrique Rosa, pela valorização e preservação do nosso passado, não como algo que envelhece e se decompõe, mas como história permanente que nos educa e conscientiza.
Defendemos que nesse espaço, histórico e popular, a cultura material e imaterial da nossa cidade e do Brasil tenha, permanentemente, a liberdade de ser e estar.
Ilha de Santa Catarina, 26 de Novembro de 2014
RODA DO MERCADO: LUGAR DE RESISTÊNCIA!
CAPOEIRA ANGOLA PALMARES
Texto de Danuza Meneghello e Jô Capoeira