As Jabuticabas – Por Rubem Alves

“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja ela qual for.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; quem sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena. Basta o essencial”!

Rubem Alves

Volta à UFSC

Hoje participei da banca de defesa da Monografia do camarada Gustavo aluno do Tuti, no Centro de Desportos da UFSC.

“Entre o berimbau e o caderno: a capoeira como instrumento de formação”.

Fiquei surpresa e feliz com o convite em participar deste momento e de poder voltar ao Centro de Desportos, depois de mais de 20 anos!

Agradeço pela consideração de Gustavo e seu grupo. Sempre sou muito bem recebida nas rodas e eventos que pude participar. Lembro com emoção da formatura da Rosa. Foi um grande momento na minha história com a capoeira, onde pude jogar com ela. E eu nem era formada… Gratidão pela consideração do meu camarada Tuti!

Minha fala na banca foi de uma capoeirista, já que estou há muito tempo distante da academia.

Trabalho com Educação Infantil e lá aprendi sobre a inportância do registro. Levo este aprendizado para a Capoeira.

Com o berimbau, na roda e no caderno, escrever a nossa história!

A monografia do Gustavo é um importante documento que registra parte da história da Capoeira da Grande Florianópolis, especificamente do município de Biguaçu.

Fala muito bem sobre a história da capoeira, de sua origem no nosso estado com Mestre Pop e a capoeira da Ilha.

Gostei muito da abordagem política da capoeira com o Movimento Negro. O compromisso que temos que ter com a capoeira, para que seja um instrumento para a liberdade.

Um belo registro do trabalho da Associação Cultural Capoeira na Escola e sobre a importância da organização da capoeiragem.

A busca do conhecimento, do estudo, fato muitas vezes esquecido pelos capoeiristas.

A busca das raízes da capoeira através de seus fundamentos.

Este não é apenas um trabalho acadêmico, é a expressão de um Capoeira.

Leitura prazerosa para capoeiristas e não capoeiristas.

Um texto apaixonado!

Falar da capoeira não é uma tarefa fácil, por toda a sua amplitude e por tudo o que ela representa na nossa vida.

Parabéns Gustavo! Ontem um menino com seus pulos e vôos nas rodas. Hoje um professor formado.

E que você continue, como diz Mestre Nô, um Capoeira na Roda e na Vida!

Tuti, Gustavo, Josinha e Bagé
Foto: Dudu

Saudade do São João…

Tenho saudade da festa

Da festa que nunca vivi.

Aqui no sul não é  como lá.

Tenho saudade das comilanças

De suas músicas e danças.

Tenho saudade da fogueira e do vestido com babados e rendas que nunca tive.

De tocar minha matraca na festa do Bumba meu Boi.

Tenho saudade do povo, que diante de tantas dificuldades

Ainda consegue ser feliz.

Saudade da alegria, da sanfona e a zabumba bem tocada.

De dançar um forró pé de serra, baião ou um xote.

Viva o São João!

Viva a Cultura Popular!

Dançando quadrilha na Festa do GEAHL