Este ano comemoramos os 150 anos do nascimento de Cruz e Sousa, nosso grande poeta.
João da Cruz e Sousa, nasceu em 24 de novembro de 1861 na cidade de Desterro, hoje Florianópolis.
Teve sua educação garantida pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravizados. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna – SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas.
Na juventude foi caixeiro, professor e jornalista. Lutou contra o racismo da época em que viveu. Foi um grande poeta, sendo o maior do Movimento Simbolista do Brasil.
Faleceu no ano 1898, em Minas Gerais, vítima de tuberculose.
Livre!
Livre! Ser livre da materia escrava,
Arrancar os grilhões que nos flagelam
E livre, penetrar nos Dons que selam
A alma e lhe emprestam toda a etérea lava.
Livre da humana, da terrestre bava
Dos corações daninhos que regelam
Quando os nossos sentidos se rebelam
Contra a Infâmia bifronte que deprava.
Livre! bem livre para andar mais puro,
Mais junto à Natureza e mais seguro
Do seu amor, de todas as justiças.
Livre! para sentir a Natureza,
Para gozar, na universal Grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.
Cruz e Sousa (Últimos Sonetos)